Da redação do Balanço Geral
Para defender o coronel reformado, Perazzo negou que seu cliente tivesse cometido o crime.
Hildebrando Pascoal e condenado a mais de 11 anos de prisão |
Após julgamento que durou mais de quinze horas, nesta segunda-feira (2), o Tribunal do Júri do Fórum Barão do Rio Branco no Acre, julgou procedente a denúncia de seqüestro e cárcere privado contra Clerisnar dos Santos, mulher de José Hugo. O julgamento foi presidido pelo juiz Leandro Leri Gross.
O Juri Popular condenou Hildebrando Pascoal a pena de 11 anos e 6 meses em regime fechado. Já o seu irmão, o ex coronel da Polícia Militar Aureliano Pascoal, foi absolvido das acusações de participação no crime.
Manoel Maria Lopes da Silva [Coroinha] foi condenado a 10 anos; Ney Bandeira Roque, 8 anos e 6 meses; Alex Fernandes de Barros [Sargento Alex], 10 anos. Aos réus foi concedido o benefício de responder pelo crime em liberdade.
Marcos Antônio César da Silva, atualmente foragido da justiça, foi condenado a pena de 8 anos e 6 meses de reclusão.
Os envolvidos diretamente no crime receberam quase quarenta anos de prisão pela participação no crime de seqüestro e cárcere privado de Clerisnar.
Clerisnar era esposa de José Hugo acusado do assassinato de Itamar Pascoal, irmão de Hidelbrando Pascoal morto em um posto de gasolina, após discussão em 1997.
O crime teria sido motivado pelo fato de José Hugo ter usado o nome de Itamar Pascoal para aplicar uma fraude.
Segundo denúncia oferecida pelo Ministério Público Estadual (MPE), Hildebrando teria ordenado a captura da família de José Hugo na tentativa de atraí-lo com intuito de vingar a morte de seu irmão.
O seqüestro e cárcere privado da viúva teriam contado com a participação de Marcos Antônio César da Silva, Manoel Maria Lopes (Coroinha), Alex Fernandes de Barros, conhecido como sargento Alex, Ney Bandeira e o ex-coronel da Polícia Militar do Acre (PM/AC), Aureliano Pascoal e Hildebrando Pascoal citado nos autos do processo como mandante no seqüestro da família de Hugo.
Segundo consta no inquérito, José Hugo foi localizado por Hldebrando no Piauí seis meses após o crime. Sua esposa faleceu recentemente vitima de câncer.
Hildebrando Pascoal não quis advogado, ele mesmo fez sua defesa |
Defesa: MPE atuou como peça de ficção
Dando início a defesa de Hildebrando Pascoal, Aureliano Pascoal e os demais envolvidos, o defensor público, Valdir Perazzo, repudiou e contestou as acusações atribuídas aos envolvidos pelo crime de seqüestro e cárcere privado da família de José Hugo.
Em sua argumentação, Perazzo culpou o estado e o poder judiciário e apontou falhas, contradições e mentiras em depoimentos de Clerisnar.
Perazzo se referiu a vítima [Clerisnar] como sendo uma mulher de bandido e que esta seria tão culpada quanto ele, já que se omitia dos crimes praticados pelo esposo, Hugo.
“Clerisnar era cúmplice nos crimes praticados por Jose Hugo”, dispara. Ao longo de sua defesa, Perazzo classificou a atuação do Ministério Público e da promotoria de acusação como uma peça de ficção.
Ele defendeu a tese que a esposa de Hugo, Clerisnar teria ido ao encontro de Hildebrando pedindo abrigo e que esta não teria sido mantida em cárcere privado.
“Ela voluntariamente pediu abrigo a Hidelbrando, pois estava desamparada por Hugo, e temendo ainda, uma possível “vingança” por parte da corporação militar obteve o apoio do estado para custear sua ida para São Paulo.
Rebatendo todas as acusações oferecidas pelo MP, o defensor alegou ainda que Clerisnar e seus filhos usufruíam de conforto durante sua permanência na casa de Hidelbrando, chegando a declarar que esta saía para fazer compras no supermercado com a esposa de Hidelbrando Pascoal.
“Ela viveu uma “DOLCE VITA”, nos mais de vinte dias de permanência no local. Do contrário, ela deveria ter publicamente denunciado o possível seqüestro”, argumentou.
Para o defensor, as mudanças de depoimento tinham o objetivo de destruir a família Pascoal. “Manobras políticas e brigas partidárias estariam por trás das inúmeras mudanças de depoimentos de Clerisnar a fim de destruir os Pascoal no estado”, alega.
Para encerrar, Perazzo afirmou ao juri que a acusação do Ministério Público não tem justa causa.
“Não há uma única prova que Clerisnar tenha sofrido cárcere privado. Desafio a provarem o contrario. Desde que teve início este julgamento vejo os representantes do MP fazerem a leitura dos depoimentos de Clerisnar sem apresentarem qualquer prova real do crime”, contestou aos jurados.
Promotoria apresenta evolução do caso Clerisnar
Decidido a convencer o Juri, o promotor Leandro Portela realizou um árduo trabalho de acusação contra Hidelbrando Pascoal relatando os detalhes da captura da esposa de Hugo e seus filhos.
Segundo a promotoria, Clerisnar foi encapuzada juntamente com seus filhos, amarrados e colocados em um porta-mala de um carro modelo Fiat Tempra, de propriedade do empresário e amigo dos Pascoal, Ney Roque.
A família foi conduzida a uma chácara onde mãe e filhos foram separados e mantidos em cárcere privado no interior de um banheiro.
Segundo relato do promotor de acusação, Leandro Portela, a mãe, Clerisnar, sofreu constantes violências psicológicas, emocionais e físicas, como tapas. Já, as crianças eram mantidas isoladas e usadas como isca para atrair José Hugo até o local.
A promotoria relatou ainda, que uma testemunha teria afirmado em depoimento a justiça, que Hildebrando e Aureliano Pascoal teriam chegado ao local [do cárcere] indagando se as vítimas [mãe e o casal de filhos] estariam prontos para o sal. No linguajar militar, significa prontos para morrer.
Hildebrando Pascoal permaneceu calado e não respondeu as perguntas da promotoria de acusação.
Lista de acusados e sentenças
Hildebrando Pascoal: 11 anos e seis meses de reclusão fechado
Sargento Alex: 10 anos de reclusão regime aberto
Manoel Maria: 10 anos de reclusão fechado
Marco Antônio César da Silva: 8 anos e seis meses de reclusão fechado
Ney Roque: 8 anos de seis meses de reclusão
Aureliano Pascoal: absolvido
130 anos de prisão
O ex-coronel da Polícia Militar e ex-deputado federal Hildebrando Pascoal foi preso em 1999 acusado de comandar o ‘Esquadrão da Morte’, grupo de extermínio composto por pessoas de vários segmentos da sociedade, principalmente por membros das polícias Civil e Militar.
Na época, Pascoal foi acusado de também estar envolvido com o tráfico internacional de drogas e roubo de cargas. Por esses e outros crimes, ele foi sentenciado a cumprir 130 anos de prisão.
Fonte: contilnet
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