Deputada Antônia Lúcia (PSC) diz que está sendo vítima de uma grande armação do governo petista do Acre e revela que juízes eleitorais e políticos ligados ao PSDB estavam grampeados pela Polícia Federal
Em entrevista coletiva no sábado, 12, a deputada federal Antônia Lúcia (PSC-AC), que teve o diploma cassado e ficou inelegível por três anos, por suposto capitação ilícita de recursos e caixa 2, durante a campanha eleitoral do ano passado, quando a Polícia Federal fez a apreensão de R$ 472 mil – abriu o verbo e fez sérias denúncias sobre os métodos utilizados pela Justiça Eleitoral e Polícia Federal, para investigar segundo ela, “pessoas escolhidas para esconder os desmandos na campanha de candidatos da FPA”, que de acordo com a parlamentar, manipulam instituições públicas para se manter no poder.
Segundo Antônia Lúcia, a eleição 2010, foi uma prova de como os cidadãos do Acre estão sendo monitorados. “Todas as pessoas que representam perigo ao governo do PT estão sendo monitoradas, escutadas e tem suas vidas invadidas por uma administração que pensa apenas em continuar mandando a qualquer preço. Na última semana recebi a visita de um emissário do governador Tião Viana (PT), que tinha como missão, avisar que o administrador petista estaria entrando na questão para me afastar da política do Estado”.
Para a deputada, os petistas tomaram a eleição de Tião Bocalom (PSDB), que teve os telefones grampeados e todas as ações de doações de empresários eram impedidas de acontecer com a intervenção das escutas ilegais. “Os coordenadores de campanha de Bocalom, acertavam as doações com empresários através de ligações telefônicas, mas quando chegavam para receber os recursos os doadores recuavam e diziam que a coisa teria mudados e eles não poderiam mais contribuir com doações para a campanha”, diz Antônia Lúcia.
A deputada revelou ainda, que os juízes eleitorais, Federação das Indústrias e mais de mil pessoas do meio político estavam grampeadas de forma ilegal durante a campanha do ano passado. “Não havia procedimentos legais no trato das investigações. A tramitação das investigações era feita de forma direta entre o superintendente da Polícia Federal e o juiz eleitoral. Os resultados das investigações eram entregues em envelopes sem o conhecimento do poder judiciário que estava alheio aos métodos ilegais”.
O monitoramento telefônico dos candidatos, empresários, juízes e pessoas que de alguma forma estavam envolvidas no processo eleitoral teria servido, segundo Antônia Lúcia, para abastecer de informações, os gestores da Frente Popular que se utilizaram do material para ameaçar políticos e oposição. “Eles [a Polícia Federal] usaram o telefone do meu apartamento que é em meu nome e colocaram escutas como se fossem feitas por mim. No meu processo tem todos os números que foram grampeados sem autorização”.
Antônia Lúcia afirma que mandou pedir uma perícia, onde foi detectado que o número de seu telefone foi usado para acessar as escutas telefônicas dos números ligados ao PSDB. “Até José Serra aparece nas gravações dos grampos ilegais. Eles mascaram meu telefone e inseriram mais de 1.500 números. Quando vi que todos estes números estavam ligados ao meu telefone particular percebi a armação que foi feita para escutar o Tião Bocalom, o Francisco Salomão, da Fieac. A federação foi monitorada durante todo o período eleitoral”.
Outra revelação da deputada foi o grampo feito aos juízes do Tribunal Regional Eleitoral do Acre. “A PF ouviu as ligações telefônicas de todos os juízes do TRE/Acre. Isso é grave. A secretária judiciária, doutora Luciana foi grampeada e teve todas as suas ligações gravadas pela Polícia Federal. Tenho documentos que comprovam o atropelo e os abusos cometidos contra as autoridades judiciárias, políticos e empresários do Acre”.
AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CASSAÇÃO
“O doutor Bassetto me inocentou em uma ação, com voto favorável da Corte Eleitoral. Eles separaram a apreensão do dinheiro, que só foi encontrado pelas escutas telefônicas ilegais feitas pela Polícia Federal. Os agentes federais ainda quiseram passar para Justiça, que eles estavam passando pelo local e receberam uma denúncia e fizeram a apreensão. No processo, eles tentam desvincular a apreensão do dinheiro das interceptações telefônicas, o que não é verdade”.
RECORRENDO NO MANDATO
“Vamos recorrer no mandato. Estou preparada para enfrentar qualquer guerra que surgir. Até porque isso foi uma montagem da Polícia Federal, através de gravações mentirosas a comprometedoras. De uma firma ilegal, a PF se apoderou de interceptações de autoridades do Estado. Este processo é totalmente equivocado, com provas montadas com base em atos ilegais. Meus advogados vão entrar com todas as medidas cabíveis, inclusive na Justiça Eleitoral do Acre. Levaremos ainda, a questão ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“O GOVERNO DO ACRE QUER TOMAR MEU MANDATO”
“Existe um interesse do governo atual em tirar de cena a deputada Antônia Lúcia. O Governo do Acre quer tomar meu mandato. Não fui eleita no grupo do governador Tião Viana e provavelmente não farei parte desta administração, principalmente porque não comungo com essa repressão em cima das pessoas, essa falta de liberdade dos órgãos de comunicação. Até mesmo os processos eleitorais da chapa majoritária da FPA revelam a mão de ferro dos administradores do PT, que controlam e manipulam os poderes, escapando dos julgamentos, mesmo tendo provas robustas dos crimes cometidos por eles durante o período eleitoral. Vou continuar lutando contra essas manobras que sufocam a democracia e mantém as pessoas presas e com medo de se manifestar”.
USANDO A TRIBUNA DA CÂMARA PARA FAZER REVELÇÕES
“Pretendo usar a tribuna da Câmara Federal para revelar a as armações que acontecem no Acre. Vou apresentar ao Brasil a verdadeira face dos administradores públicos do Estado, que se utilizam dos poderes para escravizar a população e se manterem no poder a qualquer custo. Sou inocente fui vítima de uma armação poderosa. Nosso Acre é um estado policiado 24 horas e nós estamos na Câmara para combater este tipo de irregularidade e um das que pretendo combater com todas as forças será esta que me atinge neste momento”.
SOBRE O DINHEIRO APREENDIDO
“Este dinheiro não era meu, não seria meu, não chegou a minhas mãos. Eu fui eleita sem este dinheiro e sem comprar votos de ninguém, até porque se me utilizasse deste tipo de expediente, as pessoas que se colocam como meu adversários políticos seriam os primeiros a denunciar. Por que todas nas investigações, todas as testemunhas arroladas contra minha pessoa me inocentam? Ainda temos duas oportunidades jurídicas, onde nós vamos recorrer e provar que as acusações que envolvem esta quantia de dinheiro é uma peça orquestrada e armada por muitas pessoas que dominam o poder no Estado”.
DEFESA NO TRE E NO TSE
“No Tribunal Regional Eleitoral do Acre, vou utilizar de todos os meus direitos para permanecer no mandato, vou recorre na Justiça local e vou recorrer em Brasília. Vou brigar literalmente para que meus direitos sejam respeitados, para que o mandato que foi concedido pela população seja mantido. É preciso que se respeite a vontade de 16 mil eleitores. Só o voto é o modo legitimo para conceder ou afastar um político da vida pública e, tenho certeza que o eleitor vai saber julgar se sou digna ou não de permanecer no mandato”.
PERSEGUIÇÃO AOS RELIGIOSOS NA POLÍTICA
“Sou uma liderança política do meio religioso e, acho que por este motivo sou perseguida por algumas pessoas que não aceitam o crescimento das comunidades evangélicas ajudando a construir uma sociedade justa. Vou buscar a verdade em Brasília e acredito que teremos uma vitória muito grande, pois acredito que um inocente não passará por culpado. Os religiosos sempre passam por uma perseguição acirrada e um preconceito sem motivos de algumas pessoas que não acreditam que as pessoas de fé podem contribuir com o restabelecimento dos valores familiares e o desenvolvimento da sociedade”.
Ao final da entrevista, Antônia Lúcia fez questão de enfatizar que seria inocente das acusações, inclusive de outro processo que ainda será julgado, sobre objetos apreendidos em diversos pontos comerciais no município de Cruzeiro do Sul, que supostamente seriam usados para distribuir entre eleitores. “Sou inocente. Vamos provar isso à população, que tenho as mãos limpas e continuo limpa. O povo do Acre vai ter a oportunidade de saber que sou uma pessoa livre de acusações e totalmente inocente”, finalizou a deputada.
Ray Melo, da redação de ac24horas – raymelo.ac@gmail.com
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